Em 1945, a Warner Bros lançou o filme (Mildred Pierce/ Almas em Suplício), com Joan Crawford no papel que lhe deu um Oscar de Melhor Atriz e Michael Curtiz (Casablanca, Meu Reino por um Amor) como diretor.
A HBO, em 2011, exibiu a minissérie Mildred Pierce, em 5 episódios. Kate Winslet, que protagonizou a série dirigida por Todd Haynes (Velvet Goldmine, Não Estou Lá), merecidamente ganhou todos os prêmios de melhor atriz a que foi indicada.
Meu primeiro contato com Mildred foi através do filme de 45, que conquistou meu brega coração com sua pieguice e a teatralidade de Joan Crawford. Só que ano passado assisti à minissérie - que pode ser muito mais detalhada e permitir o desenvolvimento dos personagens e o nosso envolvimento com eles - e ME APAIXONEI (com ódio), porém Miss Crawford ainda me fazia falta (o que me fez baixar e assistir Mamãezinha Querida, 1981). Na mesma semana, encomendei na Amazon uma bio dela e também um livro de James M. Cain, que trazia Mildred Pierce entre suas Selected Stories. Basicamente é assim: a minissérie é o livro em movimento. Enquanto lia, relembrava vividamente das faces dos atores e cenários da série, em muitos detalhes. (quem é joan crawford?)
Revi o filme hoje e fiquei menos emocionada, quase entediada. =~
O que fizeram com o filme foi usar elementos de outras histórias de M. Cain (narração em primeira em pessoa, flash-backs, assassinato, estilo noir) que esta em especial não tinha. Também, sob o código Hays, os produtores tiveram que alterar pontos importantes da trama (como Veda, que ao sair de casa, vai cantar músicas baratas num bordel, em vez de óperas em grandes teatros, causando vergonha ao invés de orgulho; ou não explicitar o amor/admiração doentio, quase incestuoso, que Mildred carrega por sua filha Veda) e punir Veda ao final numa quase moral-da-história. Como é de se esperar de uma adaptação literária para o cinema, personagens e história foram limados ou condensados, para caber em 2 horas de projeção. Além do que, o papel pra Crawford (que foi conseguido somente após testes - uma humilhação para alguém que já havia feito parte do "céu estrelado da MGM") meio que a salvou do limbo naquele momento.
Isto posto, ambas as produções têm seus méritos, dentro daquilo que podia ser feito com o material. O filme é muito bom, mas a história de M. Cain é maravilhosa e a série usou tudo o que havia no papel e deu cor, luz, voz e movimento [ha-ha, que cafona] às palavras do autor. O time de Kate Winslet, Guy Pierce e Evan Rachel Wood, pra mim, superou o clássico - algo muito difícil de admitir para alguém que gosta de ver filmes cheirando a mofo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário