terça-feira, 21 de junho de 2011

o poder de marat

Jean-Paul Marat foi um revolucionário francês imortalizado pelo pintor Jacques-Louis David, seu contemporâneo. Pra quem veio depois, ficou a imagem da morte quase bonita de um líder traído. Praticamente Jesus. Mas a verdade é que Marat era um jornalista, depois deputado, louco por sangue das pessoas que considerava perigosas para a República. Sem piedade, mandava seus inimigos e suspeitos de virarem inimigos para a guilhotina. E não era um aqui, outro ali... eram MILHARES. E aí que uma garota da Normandia chamada Charlotte Corday d'Aumont viu pessoas próximas de si terem suas cabeças decepadas e ouviu em coro seus conterrâneos gritarem pela cabeça de Marat. Este estava passando pelo inferno, pois fazia um calor louco e sua psoríase estava mais atacada que nunca, obrigando-o a fazer imersões na banheira para se refrescar e usar loção de caulim pra acalmar a coceira. Foi assim que Charlotte o encontrou, dentro da banheira, e foi aí que cravou uma faca na sua garganta e a cortou. E foi assim que David o viu pela última vez, também, quando foi visitá-lo. A mocinha já sabia que ía ser executada e costurou ao seu vestido seu atestado de batismo e uma carta de explicações sobre o que tinha feito.
Não vemos toda essa história aqui:



Marat Assassinado, 1793 - óleo sobre tela (Musées Royaux des Beaux-Arts de Belgique, Bruxelas)

"Marat (...), ao longo das gerações, engendrou ícones grandiosos e terríveis: todos aqueles marxistas mumificados – os Lênins, os Maos e os Ches –, cujas figuras reclinadas e cujas feições santificadas ainda têm o poder de converter brutalidade ideológica em devoção política. (...) Apesar de tudo que representa, apesar de seu lugar na história das grandes mentiras, continua sendo chocante e lugubremente belo."
Simon Schama - O Poder da Arte



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