Tá, e então eu lembrei desse livro sobre o qual já tava querendo falar fazia tempo, porque é um dos meus favoritos e vez e outra sempre volto pra ler uma das historinhas doentias com ocasiões fofas e outras só doentias, mesmo. Lembro que ganhei na Siciliano [rip] um daqueles livretos com um teaser desse livro, era uma parte da história de Lennon e Ono. Tipo, eu amei essa versão da Contigo da história deles e quis o livro por muito tempo, até achá-lo por 10 reais na Americanas dum shopping que eu comia esfiha quase todo dia [era a época em que eu tinha de escolher entre comprar livro ou filme ou comer *_*].
São 183 páginas [bem rapidinho de ler] que se dividem em 18 casos de paixões extremas, introdução e epílogo. Alguns dos favoritos:
Oscar Wilde e lorde Alfred Douglas: Dançando descalço no sangue - Olha... Esse lorde Alfred Douglas (a.k.a. Bosie) foi um puto. Bosie acabou com a vida de Wilde (claro, a culpa é dele também, que se deixou levar pela juventude e beleza do rapaz) levando-o pro buraco, por causa do ódio ao seu pai, o Marquês de Queensberry, envolvendo Wilde na briga, causando o maior auê, bem o que o menino mimado queria. Só que nessas, foi provado que o escritor era sodomita [séc. XIX = proibido ser homossexual]. Oscar Wilde foi julgado e preso por conduta indecente, virando um zumbi na cadeia, por dois anos.
Fica a dica: o filme
Wilde, com o Stephen Fry como Oscar e Jude Law ODIÁVEL como Bosie.
Liz Taylor e Richard Burton: Nem contigo nem sem ti - Conheceram-se no set de filmagens do filme Cleópatra [o maior prejuízo da Fox]. Burton era reconhecidamente um garanhão e Taylor, desde que roubara o marido da amiga Debbie Reynolds (a bonitinha de
Cantando na Chuva), perdeu o posto de 'namoradinha da América' para virar a 'devoradora de homens'. Lindos e famosos (alô, TV Fama!), iniciaram um tórrido romance na frente de toda uma - gigante - equipe. O feio da história é que ambos eram casados e só depois de dois anos de muito lero-lero, casaram-se. Pelo histórico, não poderiam ser felizes para sempre. Mas tiveram uma época feliz: muito sucesso, muitos filmes juntos e muito sexo, drogas e bebidas - que levaram os dois ao declínio físico e mental. Em 1973 se separaram, depois de 9 anos juntos. Dois anos depois, casaram-se novamente, para se divorciarem em 3 meses. Eles continuaram se falando todo dia, mesmo assim.
Burton morreu em 1984. Taylor morreu ontem e dizia ainda que ele fora o amor de sua vida.
Fica a dica: Cleópatra, pra ver onde tudo começou (que eu não vi, mas quero ver, então, VEMCOMIGO)
Arthur Rimbaud e Paul Verlaine: Veneno puro - Verlaine era já um poeta famoso, de 27 anos, casado com uma garota chamada Mathilde quando Rimbaud, um adolescente de 16 anos, enviou-lhe seus versos e o arrebatou. O poeta convidou o garoto para acomodar-se em sua casa (casa de seus sogros, na verdade), ele aceitou o convite, mas ficou apenas dias lá. Era muito irrascível para convivência com uma família, por mais animados que os pais de Mathilde estivessem em recebê-lo. Aí que Verlaine fez o que? Alugou um quarto para Rimbaud e passou a sustentá-lo. Ah sim, e viraram amantes. O caso deles era tão tresloucado e intenso, que Rimbaud chegou a esfaquear a mão de Verlaine, que anos depois, em desespero, disparou tiros contra Rimbaud, acertando apenas na mão [também]. Por conta desse episódio do tiro e de uma nova ameaça de Verlaine, este foi preso e o escândalo já se espalhara: mais um condenado por sodomia. Rimbaud deixou de escrever para sempre em 1873. Verlaine morreu em 1986, sozinho. Rimbaud morreu em 1891, na Abissínia, como um comerciante e traficante de armas.
Fica a dica: o filme
Eclipse de uma Paixão, com Leonardo Di Caprio sendo Rimbaud.
Ainda no livro: Evita e Juan Perón; Robert Louis Stevenson e Fanny Vandergrift; Marco Antônio e Cleópatra; Rainha Vitória e príncipe Albert; Lewis Carroll e Alice Liddell; Modigliani e Jeanne Hébuterne.
Livro: Paixões
Rosa Montero
Editora Ediouro, 2005
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