não pude lidar com o inferno

Depois de uma aula inspiradora na pós, sobre "O Beijo", de Auguste Rodin, quis eu ler Inferno, a primeira parte da Divina Comédia de Dante. E por quê? Porque "O Beijo" (assim como "O Pensador") faz parte de uma encomenda feita a Rodin: A Porta do Inferno, que deveria basear-se na obra de Dante. "O Beijo" ilustra o adultério de Francesca e Paolo (ela era casada com o irmão dele) no instante em que largam a leitura dos contos do Rei Arthur (em que um triângulo amoroso também se instala - Lancelote, Guinevere e Arthur) e se deixam envolver num beijo pego em flagrante. O marido traído mata os amantes, então. Era pra ser só mais uma das cenas da Porta do Inferno, mas a escultura ganhou vida própria. Diz que Camille Claudel (amante fervorosa, ciumenta e atormentada de Rodin) teria sido a inspiração pro erotismo dos apaixonados. Mas há estudos da escultura datados dois anos antes de o escultor ter conhecido a aprendiz.

Le Baiser - Rodin

E foi isso que me levou a querer ler O Inferno. Eu sempre me acho burra pra ler cantos ou poesias... eu tenho que estar inspirada. BEM inspirada. Olha que os cantos são ótimos, e ainda fui discutindo com o namorado sobre os círculos do inferno [porque ele está jogando Dante's Inferno], fazendo anotações e tudo o que sempre faço quando leio um livro, na vã tentativa de lembrar das coisas no futuro. Eu nunca lembro. ok. Mas pelo menos fica anotado. Sei lá se isso presta pra alguma coisa.

Bom... tô num perídodo atormentado por si só da minha vida. E deglutir o Inferno literário e o real tava sendo muita coisa pra mim. Por esses dias, aderi aos estudos aleatórios de História da Arte, caçando explicações pra algumas pinturas, esculturas. Mas nem sei pra quê. Só pra encher a cabeça com um pretenso sentido pra vida e tentar não explodir com os imediatismos da rotina com gente sem brilho.