Bom, eu li a biografia do Capote antes mesmo de ter lido qualquer coisa que ele tivesse escrito. E lembro-me quão mal fiquei, especialmente na parte que conta sobre a época que ele estava agoniado, sem o final para A Sangue Frio. Enfim, escritor torturado por infância de rejeição e vive num mundo de mentiras que encontra um criminoso torturado por infância de rejeição e vive num mundo sem boas oportunidades. Mas tá, não tô aqui pra falar da desgraça de 'Capote' ou de 'A Sangue Frio'.
Estamos aqui pra dar um uta em Holly Golightly, a personagem tresloucada dessa novela. Uma coisa que acontece é que não dá pra fazer uma imagem de Holly que não seja a daquela interpretada pela Audrey Hepburn. Dizem que Capote teria preferido [e escrito para] Marilyn Monroe para levar a história pras telas do cinema. Sinceramente? As descrições físicas não batem com as de Marilyn - talvez na facilidade em emagrecer/ engordar... mas GENTE, o cabelo de Holly tinha três cores... Depois que Norma Jean virou MMonroe, não vi nenhuma tonalidade em sua cabeça que não fosse o platinado. Ok...
E se você mora em Marte e nunca nem viu o filme, aqui vai o enredo: Escritor se fascina por uma garota que aparenta ter entre 16 e 30 anos e que vive num apartamento no mesmo prédio que ele, em Nova York. Ela frequentemente incomoda a vizinhança com suas festinhas cheias de homens - que sempre imaginam que estão indo a um encontro particular com Holly. Ela tem um gato sem nome, porque o encontrou na rua e são independentes e não se pertencem. Os escritor e ela se aproximam, principalmente porque ele a faz lembrar de seu irmão, Fred. Ela coça o nariz toda vez que pressente que alguém está querendo saber além daquilo que ela permite que conheçam. Ela tem uma amiga modelo gaga que está de graça com um diplomata brasileiro. Tem também um amigo que não saiu do armário e se porta como um bebezão. O lugar do mundo onde ela se sente mais confortável é a Tiffany. Ela vive de óculos pretos. Ela gosta de homens a partir dos 43 anos e quando sai com eles, sempre pede 50 dólares para 'ir ao toilete', mais 50 dólares para o táxi. Ela canta e toca o violão. Ela não é quem ela finge ser. Mas that's ok, porque ela é uma farsante profissional.
Vale dizer que o fim do filme foi, sim, romantizado e adocicado. Aliás, o filme é todo fofo. Não sei se por isso, mas mesmo no livro, eu fiquei encantada com a falta de saber-o-que-fazer de Holly, porque, bem... me identifico. Ao menos, me faz lembrar muito de mim mesma uns anos atrás. Essa tentativa de fugir de tudo aquilo que nos prende a alguém ou algum lugar... BOM... Além de Bonequinha de Luxo, essa edição traz também 3 contos do autor: 'Uma Casa de Flores', 'Um Violão de Diamantes' e 'Memória de Natal'. Todos tristes, melancólicos e deliciosos de ler. O último me cativou mais, talvez por contar da amizade de uma criança e uma velhinha que esqueceu de crescer. *-*
Então, digo que amamos Bonequinha de Luxo. Além do que, a leitura é superrápida: li num fim de semana ensolarado.
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