(pulsações)
Esse é o meu livro preferido da Clarice [até agora]. Foi escrito simultaneamente ao A Hora da Estrela (que foi seu último livro publicado), mas tem uma carga forte, como se ela soubesse que fosse morrer em breve. E chegando ao fim, se desesperasse por não encontrar respostas, por não achar sentido na vida.
Sim, bem tenso. Comecei a ler esse livro há uns dois anos ou mais e, apesar de ele ser bem fino, demorei mais de um mês pra terminá-lo. Isso porque ele me deixava mal, muito mal (e eu lembro que falei dele na terapia e minha psicóloga disse: Cuidado com o que você lê da Clarice... Se não está numa fase boa, aconselho que deixe esse livro de lado por um tempo.). Ok.
Começa com um escritor lutando consigo mesmo para escrever uma história. [como a autora, talvez, sofresse para parir um livro]. E continua com sua personagem, Ângela, indagando sua existência ao seu criador - e o seu criador entrando em colapso [como Clarice, talvez, questionava aos céus as razões de ter nascido]. O caso é que você começa a se por no lugar de alguém que vê a morte próxima [ou seja: basta ter consciência de se estar vivo, porque, afinal... para morrer, estar vivo é o suficiente]... e meudeus... QUEDIABOS foi feito da nossa vida? Enfim... se você está numa fase buscar respostas... nem se incomode de ler o livro. Aliás, nem se incomode de ler Clarice, sipá. Mas, se você curte se desesperar e, talvez, quer atingir um novo nível de percepção das coisas... Jogue-se. Esse é um daqueles livros que te faz mal enquanto você o lê, mas que te vira do avesso e, no mínimo, te transforma.
"Um sopro de vida", de Clarice Lispector"Eu escrevo como se fosse para salvar a vida de alguém. Provavelmente a minha própria vida. Viver é uma espécie de loucura que a morte faz. Vivam os mortos porque neles vivemos."
"Para que existo? e a resposta é: a fome me justifica."
Editora Nova Fronteira
2ª edição, 1978
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