segunda-feira, 16 de novembro de 2009

brilho eterno de uma mente sem lembranças

Esse post tá spoiled!
Se você tivesse a chance, apagaria os momentos dolorosos de um relacionamento que acabou de acabar? Melhor: apagaria de vez todo e qualquer registro da pessoa em questão da sua mente, da sua vida?
Depois de, sensibilizada, ver pela terceira vez "Brilho Eterno...", de novo fico pensando nessa utopia. Eu, se tivesse a oportunidade, faria isso? A gente passa a vida fugindo da dor e acaba se ferindo mais com tanta defensividade.

De volta ao filme, o mais legal dessa história de amor é a retomada, o rewind que acontece na cabeça de Joel (Jim Carrey) quando decide-se por deletar a ex. Claro, se tomarmos o fim de tudo como base, o que mais desejamos é que a pessoa suma, só mantemos a mágoa que nos causou. Joel rememora tudo isso, com raiva e satisfeito, já que Clementine (Kate Winslet) o apagou primeiro. - You know me, I'm impulsive. Mas, e se pegamos cartas, e-mails, mensagens, bilhetinhos fofos, fotos dos momentos em que tudo parecia perfeito e não haveria outro lugar para se querer estar além do lado da pessoa? Acontece que o namoro é apagado partindo das lembranças recentes até chegar à paixão do começo do namoro, ao momento em que se conheceram. Ao passar pelas boas lembranças, por aquelas bobeiras íntimas e infantis que só um casal apaixonado poderia entender (suas próprias), Joel se arrepende do que está fazendo e quer cancelar. Mas não pode. Está dormindo enquanto limpam sua mente.
Clementine - em sua cabeça - tem então uma ideia: fugir das lembranças que ele tem com ela, pra levá-la aos momentos que ela não teria feito parte e escapar da limpeza. [?] Joel a leva para sua infância e para as humilhações guardadas e somem do mapeamento. Isso não dá certo por muito tempo e ele acaba tendo a ex completamente removida de sua memória.
O filme começa do meio pro fim. E então começa. Parte do impulso de Joel de ir para Montauk. Lá, conhece Clementine, com o cabelo azul e travam uma conversa à lá "Antes do Amanhecer", mas mais desequilibrada.
Se até o meio do filme você não sacou, no fim você descobre que o encontro do início é, na verdade, o reencontro pós-apagamento. No fim, fim, eles recebem de volta a fita cassete que gravaram para Lacuna Inc (a empresa que te dá a chance de um novo recomeço) e ouvem a si mesmos contando quem estão apagando, porque, o que mais irrita no fulano, etc.

"Que desperdício ficar tanto tempo com uma pesoa só pra descobrir que ela é uma estranha"

Ainda meio confusos, talvez chateados ao ouvir trechos da fita um do outro, eles se separam. E voltam. E mesmo que não fiquem juntos, não podem apagar o que fizeram na vida do outro. As mudanças têm seu lado bom e ruim, e aceitar alguém entrar na (ou sair da) sua vida vai acarretar ganhos e danos. A gente tenta manter aquilo que vale a pena, mesmo com o coração esmigalhado. No fim, a gente nota que nossas neuras são tudo bobagens.
Espaço e tempo para se recuperar.
Sem reparar na tosquice do PAUSE na tela. ;)

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